Hoje acordei com uma certa nostalgia me incomodando , sabe quando o dia está chuvoso e frio, e parece que você também se sente meio assim...
Sentindo saudade do que já foi e também do que não foi e nunca será !
Uma vontade de voltar pra onde foi feliz , onde teve paz e carinho, mas constata que também lá tudo mudou ou que lá nem existe mais ...
Uma vontade de ver e falar com quem não vai te magoar e vai te entender, mas eles também não estão mais lá...
Aí você não sabe muito o que fazer com suas vontades e recordações , e fica só sentindo aquela coisa doida sem ver muita saida , pois parece que tudo perdeu um pouco do seu encanto ...
Você consegue me entender !!!!
Foi aí que pensei nesse texto, pois também lembrei como as coisas eram lá ...lembra, o lugar ou o tempo que eu disse que queria voltar e tal .........
"Sou do tempo em que ainda se faziam visitas.
Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho porque a família toda iria visitar algum conhecido.
Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé.
Geralmente, à noite.
Ninguém avisava nada, o costume era chegar de pára-quedas mesmo.
E os donos da casa recebiam alegres a visita.
Aos poucos, os moradores iam se apresentando, um por um.
– Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.
E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia.
– Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!
A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre.
Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... Casa singela e acolhedora. A nossa também era assim.
Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes.
Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha – geralmente uma das filhas – e dizia:
– Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.
Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... Tudo sobre a mesa.
Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também.
Pra quê televisão? Pra quê rua? Pra quê droga?
A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança... Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam....
Era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...
Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos.
E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida.
Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa... A mesma alegria se repetia.
Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... Até que sumissem no horizonte da noite.
O tempo passou e me formei em solidão.
Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, e-mail...
Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa.
Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:
– Vamos marcar uma saída!... – ninguém quer entrar mais.
Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.
Casas trancadas.. Pra quê abrir?
O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos biscoitos, do leite...
Que saudade do compadre e da comadre ... "
Crônica escrita por José Antônio Oliveira de Resende
Professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa, do Departamento de Letras, Artes e Cultura, da Universidade Federal de São João del-Rei.
Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé.
Geralmente, à noite.
Ninguém avisava nada, o costume era chegar de pára-quedas mesmo.
E os donos da casa recebiam alegres a visita.
Aos poucos, os moradores iam se apresentando, um por um.
– Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.
E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia.
– Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!
A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre.
Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... Casa singela e acolhedora. A nossa também era assim.
Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes.
Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha – geralmente uma das filhas – e dizia:
– Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.
Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... Tudo sobre a mesa.
Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também.
Pra quê televisão? Pra quê rua? Pra quê droga?
A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança... Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam....
Era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...
Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos.
E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida.
Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa... A mesma alegria se repetia.
Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... Até que sumissem no horizonte da noite.
O tempo passou e me formei em solidão.
Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, e-mail...
Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa.
Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:
– Vamos marcar uma saída!... – ninguém quer entrar mais.
Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.
Casas trancadas.. Pra quê abrir?
O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos biscoitos, do leite...
Que saudade do compadre e da comadre ... "
Crônica escrita por José Antônio Oliveira de Resende
Professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa, do Departamento de Letras, Artes e Cultura, da Universidade Federal de São João del-Rei.
22 comentários:
Lindo texto Fátima. Vim retribuir sua visita lá no blog. Seja sempre muito bem vinda. Beijocas!
Oi querida,
Essas histórias foram ouvidas por mim quando contadas pelo meu pai. Igualzinhas!!!Que saudades dele....
Obrigada pelo carinho no meu blog, vamos lá colorir a vida com o azul agora.....
Beijos
Françoise
Ai que vc me fez sentir uma saudade agora...uma saudade de coisas que não voltam mais e que o unico recurso é guardar em um canto do coração e vez ou outra ir lá e sentir um pouco este cheirinho do passado.
Beijos.
Amiga,
Tem dias que eu também me sinto assim e sinto saudades até dos lugares onde nunca estive, pode!?
O texto é ótimo e que tempo bom, aquele em que as pessoas se visitavam mais e tinham tempo umas para as outras!
tb sinto essas nostalgias as vezes, prncipalmente de qdo era criança e nao tinha com o que me preocupar, mas o tempo passa tao rapido né?
bjsss
Bom dia querida!
Hoje coloquei meu sinal de luto pelas vítimas de Niterói, São Gonçalo e Rio... essa tempestade se tornou um caos para nosso Estado.
Meu coração sofre com tudo isso, é um tremendo descaso dos governos e o único que parece fazer alguma coisa, é o prefeito do Rio, Eduardo Paes, o de Niterói só fala besteiras e a de SG sumiu... um absurdo sem fim.
Ore pelas famílias... e obrigada pelo seu carinho.
beijos
Minha querida
Lindo texto...estou escrevendo e chorando, voltei atráz no tempo.
Tanta saudade.
Obrigada pelo belo texto.
Beijinhos
Sonhadora
Querida Amiga,
É exactamente isso, hoje tem-se tudo e não se tem nada e pensa-se naqueles tempos que pouco se tinha, mas muito se tinha em valores e afectos. Bons tempos esses que eu também recordo com saudade!...
Mas não fica triste não!?...
Beijinhos,
Manú
OI Fatima, etendo perfeitamente o que vc diz no inicio de sua postagem!!!
Tem uma frase do Ruben Alves que diz que " Saudade é o lugar onde a alma gostaria de estar",adoro essa frase pq creio que ele esteja certo, todos temos saudades de alguém de algum momento, de uma vida que o tempo mudou e não nos pertence mais!!!
Mas as coisas de hoje também irão deixar saudades um dia!E sua casa é um lugar privilegiado onde as pessoas ainda se reunem e desfrutam da sua presença e de sua familia que é sensacional!!!!!
Muitos bjos pra vc e pra Clarinha q estou morta de saudades!!!
Bjo Erika
Mãe amei....
agente consegue sentir essa saudade junto com vc... bom, eu amo essas coisas de "histórias de antigamente". Quando vc conta, eu fico imaginando e pensando como devia ser bom!!! Família, amigos, irmãos, tios, primos, vizinhos, enfim, todo mundo junto vivendo histórias que enchem a boca de serem contadas. As condutas, os valores, o respeito, tudo era tão diferente... tão melhor!!!!
Mas como a Erika disse, nossa família, graças á vc, é ainda muito do que já foram as famílias um dia... pq vc é A pessoa.Tambem um dia, sua maneira de ser, suas histórias e as coisas que vc proporciona,fará muita gente parar e sentir muita saudades!!!!
Um beijo
Te amo
Clarinha.
A Internet ajuda e atrapalha.
Basta ter discernimento quanto a tudo.
Alias, essa deve ser achave de tudo, não? Discernimento e bom senso!
Beijo
Ai, ai, ai.... Saudade dói... Mais passa...as vezes...Faz parte do ciclo da vida. Tudo muito fácil não tem graça.. e nem deixa SAUDADES. Bjitos lindo lindo texto.
Lindíssimo o texto, mas confesso que a casa daqui sempre acolhe gente. Os programs marcados são em casa e me alegro com isso. Herança de pai e mãe.
Um beijo
Ah Bem vinda ao meu cantinho e apareça sempre viu? Obrigada pelo carinho que lá deixou.
Por que será que os dias chuvosos nos deixam nostálgicas? Tenho saudades de outros tempos... Adorei o texto.
beijos e ótima noite!
Entendo, Fátima!
Ah, se entendo...
Amei tua presença, tuas palavras no nosso espaço e tudo aqui tem a ver conosco, posso voltar?
Beijos de amiga recente!!!
Fátima, nome da minha sobrinha. Aquela com um sorriso lindo na lateral do blog. A nossa Fafá...
Se não nos visitamos mais na real, aqui o fazemos, na virtual, e com o mesmo prazer desde que sejam pessoas amáveis como você.
Um belíssimo final de semana, querida!!!
Ola!
Como é bom rever os amigos e matar a saudade..
Não há nada que pague este momento..
Hoje sai para visitar os meus amigos. Estou com muita saudades.
Só terei os finais de semana para fazer isso. Mas prometo sempre estar por aqui..Peço desculpa pela minha ausencia. Mas, mas muitas vezes precisamos nos afastar em função do trabalho. Falta o tempo. ele voa..Não espera. Mas, você que mora no meu coração, será sempre lembrado...
Amo vc. Amo a sua companhia.
Meus blogs amam a sua presença. Fico muito feliz por que vem.. Deixá sempre comigo, o seu amor e carinho Planta flores e semeia carinho.
Muito obrigada. VERDADEIROS AMIGOS..CONQUISTAMOS..AMAMOS..LEMBRAMOS E SENTIMOS SAUDADES!!!
Carinhosamente,
Sandra
Adorei vc com esse texto espresou o que a maioria de nos sente um beijão!!1
Na verdade assim é, hoje a familia se lembra de ir para oc afé, a criançada morrendo de ser mal educada porque café não é lugar, a familia se foi deixando disso, é pena, mas, o mundo está em mudança constante...hoje o menino não quer sair, prefere ficar em casa jogando as meninas querem sair com as amigas e nós vamos ficando na solidão...
Dou comigo lembrando aquele tempo em que a familia era grande e nos viamos todos em casa da avó, a avó que já não está cá o avô que já se foie as tias e tios um a ums e vão indo...é isso aí.. Façamos nós as visitas ás velhas amigas que definham como nós...
Beijinho querida Fátima, e aquele abraço..no fim de contas vim visitar você...laura
OI QUERIDA. ESTOU VOLTANDO E VIMA GRADECER SEUS VOTOS DE MELHORAS. ESTOU BEM GRAÇAS A DEUS.. AMEI SEU TEXTO.. QUE SAUDADE DE MINHA INFANCIA E DE QUANDO MEUS PAIS FAZIAM OU RECEBIAM AS VISITAS.. UMA ÓTIMA RECORDAÇÃO.. BEIJÃO
FÁ você nem imagina a minha surpresa ao abrir o blog. Ao ler esse texto que vc colocou; fiquei até arrepiada, na sexta-feira pp., eu estava recordando e sonhando tudo isso, foi momento pra mim nostalgico.
Que delicia lembrar as coisas boas do passado, que tudo isso foi uma realidade.
Bons tempos, que deixou muitas saudades.
Bjos
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