quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Maternidade ou não (Martha Medeiros)

Olá,

Desculpem novamente nossos constantes "atrasos" nas postagens, mas.. uffa!!! não é fácil!

Aproveitando o momento "maternidade" recebi esse texto da Ana Flávia Ifanger Ambiel e resolvi posta-lo aqui para vocês. Obrigada Ana... adorei!!

Espero que vocês gostem...

O texto é sobre ter ou não ter filhos. Creio que mais, especificamente, sobre não te-los. Sim, porque tem muitas mulheres que optaram por não ter filhos. Eu mesma conheço algumas. Bom, já não posso dizer o mesmo quanto a mim, pois acho que desde que nasci espero por isso. bjss

Segue o texto:

"Semana passada me telefonaram de um jornal para pedir um depoimento sobre mulheres que decidiram não ter filhos. Queriam um testemunho curto e rápido.
Sobre um tema tão intenso? Fui curta e rápida, mas agora vou me estender.Tenho duas filhas planejadas e amadas, que nunca me provocaram um segundo sequer de arrependimento. Mas nunca fui obcecada pela maternidade. Acredito que qualquer mulher pode ser feliz sem ser mãe. Existem diversas outras vias para distribuirmos nosso afeto, diversos outros interesses que preenchem uma vida: amigos, trabalho, paixões, viagens, literatura, música - até solidão, se me permitem a heresia. Conheço mulheres que se sentem íntegras e felizes sem ter tido filhos, e mulheres rabugentas que tiveram não sei por quê, já que só reclamam. Há de tudo nesta vida. Mas tenho pensado nesta questão porque, dia desses, uma amiga inteligente, realizada e linda completou 50 anos e se revelou meio abatida por certos questionamentos que chegaram com a idade - uma idade que está longe de ser das trevas, mas que é emblemática, não se pode negar. Ela nunca quis ter filhos. Escolha não, impossibilidade. Tem uma vida de sonho, mas ela anda se perguntando: não tive filhos, será que fiz bem? Ninguém tem a resposta. Mas é fácil compreender o dilema. Quando entramos nos 30, o relógio biológico exige uma decisão: ter ou não? Algumas resolvem: não. Criança dá trabalho, criança demanda muita atenção, criança é dependente, criança interfere no relacionamento do casal, criança dá despesa, criança é pra sempre. Tudo verdade, a não ser por um detalhe: crianças crescem. Crianças se transformam em adultos companheiros, crianças são quase sempre nossa versão melhorada, crianças herdarão não apenas nossos anéis, mas nossos genes, nosso jeito, nossa história, e isso é explosivo, intenso, diabólico, fenomenal. Aos 30, só pensamos na perda da liberdade, mas, aos 50, conseguimos finalmente entender que a maternidade é muito mais do que abnegação, é uma aposta no futuro. Depois dos anos palpitantes e frenéticos da juventude, chega uma hora em que deixamos de pensar apenas no lado prático da vida para valorizar as conquistas emocionais, que são as que verdadeiramente nos identificam. Não estou fazendo apologia da maternidade, sigo acreditando que todas as escolhas são legítimas. Mas optar por não ter filhos não é algo trivial. É uma experiência profunda de que abriremos mão de vivenciar. É uma emoção que transferiremos para sobrinhos sem jamais saber como seria se eles fossem gerados por nós - ou adotados, o que dá no mesmo. Vale a pena desprezar este investimento de amor? Um investimento que, diga-se, é uma pedreira muitas vezes, não é nenhum mar de rosas! Nessas horas é que faz falta uma bola de cristal. O problema é se a dúvida vier nos atazanar mais adiante. A gente nunca sabe como teria sido se... É por isso que, neste caso, compensa queimar bastante os neurônios antes de decidir. Não dá para pensar no assunto levando-se em conta apenas o momento que se está passando, mas o contexto geral de uma vida. Porque não ser mãe também é para sempre."


(texto de Martha Medeiros, no jornal o globo de 08/maio de 2005)

7 comentários:

Fatima disse... [Responder]

Assim como não ser mãe é para sempre,ser mãe e ser filho também é.
Porém, ter mãe e ter filho, não é para sempre...daí a urgência em perceber isso a tempo de corrigir as falhas, as ausências, as negligências, os desafetos como mães e como filhos.
Como filhos, aproveitarmos o colo que acolhe...o braço que envolve...a palavra que conforta...o silêncio que respeita...e o olhar que acaricia.
Como mães, sermos esse colo...esse braço...usarmos com sabedoria essa palavra...usar desse silêncio...e manter sempre esse olhar.
Com toda certeza, o único sentimento com que teremos que conviver quando a ausência acontecer, será o de saudades e doces lembranças...nada mais.

Anônimo disse... [Responder]

Nossa, que profundo. Confesso que fiquei pensando nisso o dia todo, até liguei pra minha mãe duas vezes hoje, ela inclusive me perguntou se estava acontecendo alguma coisa.
É verdade, conviver com o sentimento de remorço ou arrependimento deve ser o pior, vou aproveitar o colo gordinho, ouvir as palavras e curtir o olhar, obrigada pelo toque, amo as matérias do blog, entro sempre, um dia ainda vou me identificar...bjs

Clarinha disse... [Responder]

Porque sera que aquela velha frase "agente só da valor as coisas, no caso pessoas, depois que perde" esta tão presente em nossas vidas???
Quantas vezes agente deixa de prestar ou dar atenção as pessoas que estão ao nosso redor??? (e no meu caso graças a Deus, tenho certeza não poderiam ser melhores) Acho que pelo simples fato de sabermos que elas estão sempre ali... agente acha que isso não vai acabar nunca... pq agente quer que nunca acabe!!!
Mas infelizmente no fundo, sabemos que uma separação um dia vai acontecer...então agimos como se isso fosse uma coisa muuuuuuito distante, mas as vezes esta mais proximo do que imaginamos, ai bate um desespero, e sofremos por antecipação...
Então vestimos uma armadura bem forte e queremos acreditar que essas coisas só acontecem na casa do vizinho, rsrs...
Mãe, toda vez que vc fala do medo que sentia de perder seus pais, sinto isso dentro de mim umas 20 vezes mais forte, pois sei que nunca chegarei aos pés da filha, irmã, mãe, amiga que vc é e sempre foi, fico imaginando quando isso acontecer comigo, não vou poder suportar pois sempre deixo pra fazer amanhã oque é PRECISO ser feito agora!!!
Acho que sinto remorço desde já!!!
Desculpa por todas as vezes que vc precisou e eu não encherguei, não abraçei, não beijei e não disse o quanto eu amo vc.
E obrigada, pois todas as vezes que eu precisei vc enchergou!!!
Bom chega de sessão nostalgia, se não vamos expulsar os visitantes!!!
rsrsrs...
Amo vc, amo ser sua filha e amiga!!!
obrigada por vc ser a pessoa mais especial da minha vida.
Rezo toda noite pra conseguir ser um pouquinho do que vc e o papai são pra nos!!!!
beijos
Clara.

Principe Encantado disse... [Responder]

A grande caracteristica da femea é a maternidade, um milagre de Deus.
Abraços forte

sandra disse... [Responder]

adorei este texto! houve uma época em que eu achei que não seria mãe, por problemas de saúde, na época eu achei que tudo bem, fiquei só um pouco triste no começo, depois passou. Hoje sou mãe de duas meninas,uma com 5 anos, outra com 4, engravidei de surpresa, nas duas vezes, e vejo que se eu não fosse mãe, eu ia sofrer muito com isso, me sentiria incompleta. Acho que quando o tempo passa, nosso modo de pensar muda muito. Essa decisão tem que ser muito bem pensada, é mais fácil se arrepender por não te-los do que o contrário. beijo! Tô adorando esse blog!

Kelly Stein disse... [Responder]

A Ana Flavia é uma super mulher, que eu admiro muito pela forma como encarnou o papel de mãe. Eu sempre amei a idéia de ser mãe mas nunca tive noção da grandiosidade que isso implicava. Depois de ter a Lara a o Júlio me dei conta de como isso é lindo e absurdamente difícil. Adorei esse texto mas, por outro lado, acabo admirando as mulheres que batem o pé quando resolvem não se tornar mãe - e fazem isso com incrível convicção. Digo isso pois tenho visto mulheres que tem filhos não por necessidade pessoal, por querer preencher essa lacuna que a vida nos apresenta no decorrer da nossa caminhada, mas sim por uma questão social, para cumprir um 'protocolo'. Isso é mais comum do que imaginamos e tenho visto com certa frequência. Mulheres que não querem, acabam cedendo aos pedidos do marido, pais, amigos (sim, todos tentam dar pitaco nessas horas), aí acabam se lamentando o tempo todo, colocam o bebê tão logo consigam em um bercário e tocam a vida. Triste isso... eu prefiro não terceirizar a criação dos meus filhos, trabalho com eles ao meu lado, fico doida, maluca mesmo, mas posso me dar o luxinho de parar o trampo por uns minutos p/ montar um quebra-cabeças com a Lara ou correr brincar de esconde esconde do nino ao longo do meu dia... :D
Bejocas,

Pri disse... [Responder]

Estou com 43 anos e acabo de tentar uma FIV sem sucesso.Infelizmente so tive a sorte de encontrar o meu gde amor,e homem com o qual gostaria muito de ter um filho apos os 35 anos.Meu primeiro marido me fez adiar os planos...So agora sinto essa dor de saber que nao ser mae eh para sempre...E tb sei que vou sofrer para sempre com o preconceito.Mas,a vida eh como eh.















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